terça-feira, 4 de outubro de 2011

Sai da Grama ...tem aranha!!

Um gramado verde e bem cuidado em casa é sempre um motivo de orgulho e prazer para seu dono, mas isso não acontece naturalmente. Para atingir resultados satisfatórios nessa parte importante do jardim, o gramado precisa de muitos cuidados e atenção constante. Podas periódicas, remoção cuidadosa de folhas velhas, irrigação e controle de plantas invasoras são operações indispensáveis.
Ocasionalmente mesmo gramados antigos e bem cuidados podem apresentar problemas causados por doenças e pragas.




Gramados bem cuidados, mas doentes


Agora, de maneira até esperada, começam a surgir nos gramados da cidade de São Paulo focos de ataque de cigarrinhas-das-pastagens, praga bastante comum em áreas do interior, principalmente em regiões de criação de gado. Velhos conhecidos dos pecuaristas, esses insetos causam severos danos aos pastos, chegando por vezes a inviabilizar o pastejo, eles sugam a seiva das plantas tornando-as descoloridas e com baixa capacidade de brotação, e podem ser facilmente percebidos, pois a grama ou pastagem apresenta manchas de verde pálido ou descorado.
Todas as gramas utilizadas em jardins pertencem à família Poaceae, que é a mesma dos principais capins utilizados como pastagem. Como as regiões produtoras de grama em larga escala são vizinhas de áreas de pastagem, a praga naturalmente migrou de um campo a outro e agora infesta também os extensos campos das grameiras.
O sistema de venda de grama em placas, que é o mais difundido por sua rapidez e praticidade, implica no transporte de uma pequena quantidade de solo removido da fazenda produtora até o jardim, para dar a sustentação inicial e facilitar o transporte e implantação do novo gramado. Caso o campo da grameira apresente o inseto, nessa porção de solo são transportados os ovos e formas jovens da praga, gerando a infestação.
Como principais motivos desses ataques podem ser apontados a falta de critérios fitossanitários rígidos tanto dos produtores de grama que fornecem o produto em placas, como a falta de fiscalização por parte dos órgãos governamentais de sanidade vegetal que deveriam impedir a entrada de material infestado no mercado.
Portanto é sempre recomendável a compra de grama de produtores idôneos e de reconhecida qualidade técnica e fitossanitária.
O principal meio de dispersão da praga em jardins novos é o uso das placas de grama já infestadas pelo inseto, porém mesmo gramados antigos que nunca apresentaram o problema podem ser atacados. Os adultos da cigarrinha-das-pastagens são capazes de voar, mas não apresentam grande eficiência de vôo, que mais se parece com um pequeno salto de cerca de um metro (como de um grilo ou gafanhoto).
O maior descuido é dos jardineiros, que acabam carregando nos sapatos e ferramentas, ou até nas roupas os ovos, ninfas (forma jovem) e adultos do inseto. É assim que a praga é frequentemente transportada por jardineiros que passam por um gramado infestado.
Como em qualquer tipo de infestação, as medidas mais fáceis e eficazes de evitar o problema são as preventivas, não compartilhando ferramentas e outros utensílios potencialmente contaminados com outros jardins e exigindo de seu jardineiro que use roupas e calçados limpos e sabidamente não contaminados ao entrar no gramado do seu jardim.
Esses cuidados são válidos também para todos os outros tipos de pragas e doenças, e deviam fazer parte das normas de todos os proprietários.

Identificando o problema em seu gramado


Caso o gramado do seu jardim já esteja infestado, é bastante perceptível a queda da qualidade geral da grama e o grande número de insetos adultos que saltam em todas as direções, fugindo das pessoas que caminham sobre ela.
A espécie mais comum de cigarrinha-das-pastagens apresenta cerca de 5-6mm de comprimento e possui o corpo negro ou avermelhado com asas negras com faixas vermelhas e é conhecida tecnicamente como Deois flavopicta.
Se você suspeita que esteja recebendo a visita desses indesejáveis hóspedes no gramado de sua casa, mas gostaria de se certificar, verifique o gramado apresenta manchas com coloração alterada e pouca presença de folhas, deixando aparentes partes do solo.
No caso da existência dessas manchas deve-se procurar, com as mãos, pequenos pontos de espuma (que se parece com cuspe) no solo, próximos a base das plantas de grama, na superfície ou a poucos milímetros de profundidade. Dentro dessas cápsulas de espuma escondem-se as ninfas do inseto que sobrevivem sugando a seiva da grama, causando seu definhamento.
Uma vez encontrada no gramado essa praga é de difícil erradicação, pois seus ovos podem persistir no solo de um ano para outro e assim reaparecer repentinamente, mesmo tendo sido corretamente combatida no passado. Portanto é recomendada a busca por focos de infestação todos os anos, principalmente nos meses de maior temperatura e incidência de chuvas (verão).

Como Controlar o aparecimento de pragas nos gramados


Além das medidas preventivas, que sempre são válidas para diminuir os danos causados pela praga, podem ser usadas técnicas bastante simples de controle. Quando mais baixa for aparada a grama, permitindo a entrada de sol na área atacada, mais fácil será o controle, pois o inseto prefere áreas sombreadas e protegidas do gramado. O corte baixo também pode auxiliar a visualização da praga e aumentar sua exposição a predadores naturais como pássaros. Em gramados pequenos, de até 30m², pode-se optar pela catação manual das ninfas, vasculhando quinzenalmente o solo em busca da "espuminha" e retirando os insetos do solo.
Em caso de áreas maiores será preciso o uso de produtos em pulverização, que podem ser biológicos ou químicos. Os produtos biológicos são inofensivos a pessoas e animais, porém são de difícil obtenção e apresentam uma eficiência que depende de prática e manejo apurados do aplicador, que deve estar familiarizado com esse tipo de produto. Já o controle químico conta com apenas uma linha de produtos registrados para essa finalidade e precisam de acompanhamento de um Engenheiro Agrônomo para sua compra e aplicação. Nunca entregue a responsabilidade de uso de produtos químicos a pessoas não qualificadas e sem o devido acompanhamento técnico, pois o risco de intoxicações é grande e o mau uso desses produtos pode causar severos danos ao meio ambiente